Da luz e das sombras
Imagina uma luz no
centro da sala. Imagina todas as sombras que, dessa luz, se projectam nas
paredes brancas. Essa luz és tu. E as sombras desenhadas nas paredes são
estados teus. Tuas sombras, portanto. Concluis, então, que és feito de luz e de
sombras, como te definiu a condição humana. És dual.
 O desafio de viver está,
não em ser luz a todas as horas, não em manter na face um sorriso inalterável.
Não. O desafio de viver está no mergulho cego em que te lanças sobre as sombras
que te definem, aceitando-as como tuas. Deixa-as ser escuras, tristes, frias.
Deixa que se expressem. Que gritem, que chorem, que enlouqueçam. E quando não
passarem de ténues sombras em tons de aguarela sobre a parede branca, olha a
luz que és e encontra a tua essência.
O desafio de viver está,
não em ser luz a todas as horas, não em manter na face um sorriso inalterável.
Não. O desafio de viver está no mergulho cego em que te lanças sobre as sombras
que te definem, aceitando-as como tuas. Deixa-as ser escuras, tristes, frias.
Deixa que se expressem. Que gritem, que chorem, que enlouqueçam. E quando não
passarem de ténues sombras em tons de aguarela sobre a parede branca, olha a
luz que és e encontra a tua essência.
Os seres duais vivem
assim, sabendo que a luz existe porque existem sombras. Mas também não esquecem
que, por detrás dos nevoeiros sombrios que entristecem o semblante, há uma luz
que os espera para lhes lembrar que são sublimes. E que escolhes tu ver? A luz
que és, ou as sombras em que te projectas?
 
